terça-feira, 21 de abril de 2009

Será Rui Costa o homem certo no lugar certo?

Recentemente tenho visto Benfiquistas nalguns fórums e blogs a interrogarem-se sobre se Rui Costa não terá sido um erro de casting ao ter sido nomeado Director Desportivo do Benfica.

Ora, se achavam que o Rui Costa na primeira época em que deixa de ser jogador de futebol (que foi o que ele fez toda a vida) chegava para ocupar um cargo que estava vazio desde que José Veiga saiu, num clube sem politica desportiva definida, e começava a limpar os títulos todos é porque são algo ingénuos. É natural que o Rui precise de tempo para poder aprender o necessário para desempenhar o cargo com eficácia e para poder implementar todas as ideias que ele tem para o Departamento de Futebol.

Na minha óptica há 5 qualidades que são desejáveis que o nosso director desportivo tenha.

1. Conhecimento de futebol, nomeadamente em termos de organização do clube
É para mim indiscutível que Rui Costa sabe muitissimo de futebol. Primeiro, teve oportunidade de crescer dentro do Benfica, numa altura em que o Benfica ganhava. Posteriormente, passou 12 anos em Itália onde teve oportunidade de conviver com grandes gestores de futebol, nomeadamente durante o tempo em que representou o AC Milan, um dos melhores exemplos de organização de um clube a nível Mundial.

2. Saber seleccionar e gerir recursos humanos
O Director Desportivo é sobretudo um gestor, se bem que é um gestor de uma entidade muito específica. Terá que saber identificar primeiro um líder para a sua equipa de futebol (o treinador) e em conjunto com este identificar quais os jogadores que deverão compor o plantel. Posteriormente deverá ser eficaz na protecção e apoio que dá á estrutura que entretanto selecionou e deverá providenciar todas as condições para que essa estrutura consiga os resultados desejados. É discutivel se o Rui terá seleccionado com sucesso o seu primeiro treinador, dado que eu pessoalmente estou bastante desencantado com o trabalho de Quique Flores nesta sua primeira época. Até porque na escolha do plantel, é a minha opinião que este é o melhor plantel do clube desde 1995, logo creio que Quique deveria ter conseguido melhores resultados. No entanto, e caso Quique Flores se mantenha no clube como tudo indica que venha a contecer, prefiro esperar para ver se no seu segundo ano ao serviço do clube este treinador mostre que aprendeu algo neste seu primeiro ano de futebol Português.

Em meu entender Rui Costa foi insuperável no apoio que deu á equipa técnica e ao plantel para que estes conseguissem atingir os objectivos do clube.

Assim, que neste ponto talvez Rui Costa tivesse apenas falhado na contratação do treinador tendo feito bom trabalho nas restantes vertentes deste ponto. No entanto será melhor fazer o balanço completo no fim do reinado de Quique.

3. Saber movimentar no mercado de transferências
Creio que Rui Costa sabe fazê-lo e que o prestígio e credibilidade de que goza junto do Mundo do Futebol são garante de que ele possui esta qualidade. A melhor prova disso foi que o Benfica este ano conseguiu atrair jogadores que há 18 meses atrás nem nossos sonhos pensaríamos que fosse possível ter no Benfica. Exemplos: Aimar, Reyes ou Suazo.

Não esquecendo que por exemplo Yebda já disse que tinha ofertas economicamente melhores de equipas de campeonatos mais competitivos, mas que Rui Costa foi determinante na sua decisão de ter optado pelo Benfica.

4. Ter uma certa ratice
Esta é uma caracteristica que será exclusiva do futebol português. Em Inglaterra talvez ela seja dispensável, dado que tudo é feito de uma forma transparente e profissional, mas infelizmente todos sabemos do que é que a casa gasta na nossa Liga. São as jogadas de bastidores, são as entrevistas á Paulo Bento a disparatar contra a arbitragem de forma excessiva e sem qualquer razão, são as idas ao Calor da Noite.

Pela sua educação, desportivismo e temperamento é óbvio que Rui Costa não terá pachorra para estas coisas, que contadas no estrangeiro toda a gente pensa que são dignas de um país de doidos.

Mas infelizmente este é mesmo um país de doidos.

Aqui Rui terá algo que aprender, se bem que não quero vê-lo a chegar aos extremos praticados por pessoas perfeitamente identificados por todos que só mesmo os juízes do Tribunal de Gaia é que não vêm.

No entanto, quando vejo Quique Flores a dizer que não quer saber de árbitros, quer é trabalhar para não depender de árbitros, estamo-nos a por a jeito para depois termos arbitragens como as que tivémos nos jogos com Nacional, FC Porto, Belenenses, Académica, etc. Talvez aí o Rui devesse fazer ver a Quique que isto não é Espanha e que aqui é necessária uma certa manha para lidar com esses temas.

5. Ser Benfiquista
Há quem defenda que este ponto é de menos importência, e que o que interessa é ter bons profissionais independentemente do clube da sua simpatia.

Eu discordo.

Um profissional não Benfiquista que esteja cá 2 ou 3 anos não tem incentivo nenhum para gerir o clube numa óptica de sucesso a longo prazo. O que lhe dá jeito é estoirar todo o dinheiro de forma megalómana para ganhar tudo nesses 2 ou 3 anos, deixando o clube depauperado para o futuro, de forma a poder dizer que ele é que era o maior e que quem lhe sucedeu não percebia nada de nada.

Só um Benfiquista é que pode estar interessado em ver o Benfica a ganhar não só nos próximos 2 ou 3 anos, mas sim nos próximos 20 e 30 anos.

E quanto a Rui Costa, é óbvio que não me vou por aqui a insultá-lo discutindo se ele é ou não Benfiquista. É pelo menos tão Benfiquista como eu, e isso basta-me.

Assim, e em jeito de conclusão, é óbvio que Rui Costa tem que ficar no Clube, e em minha opinião deve ficar á parte de toda a discussão eleitoral que aí vem.

Para mim toda e qualquer discussão entre candidatos á Presidência nas eleições de Outubro deve começar por uma clarificação que ganhe quem ganhar o homem para o futebol do Benfica é Rui Costa.

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