segunda-feira, 6 de julho de 2009

Pequenas Sugestões para um Benfica Mais Forte

Luís Filipe Vieira foi eleito com mais de 91% dos votos expressos naquelas que foram as segundas eleições mais participadas da história centenária do Sport Lisboa e Benfica. A actuação de Bruno Carvalho ao longo da última semana em muito terá contribuído para o desfecho final deste processo eleitoral que em nada dignificou o Sport Lisboa e Benfica e que transmite uma ilusória imagem de inequívoco apoio à figura do Presidente da Direcção.

Com os resultados que se registaram, Luís Filipe Vieira viu legitimada a sua actuação e conseguiu assim obter a tranquilidade interna que, de acordo com o próprio, a não existir, poderia colocar em causa o sucesso da campanha. As suas responsabilidades são hoje acrescidas e as fontes de desculpas para o insucesso parecem ter-se esgotado (embora aqui haja que reconhecer que a capacidade criativa do nosso Presidente é grande).

Desejo sinceramente que, doravante, ao contrário do que se verificou no seu último mandato, o sucesso de Luís Filipe Vieira enquanto Presidente da Direcção do Sport Lisboa e Benfica seja igualmente o sucesso do Sport Lisboa e Benfica e, de modo muito particular, do futebol profissional do Sport Lisboa e Benfica.

Com o objectivo de procurar contribuir para o desejado sucesso do Sport Lisboa e Benfica deixo aqui, em jeito de apelo ao Presidente do Sport Lisboa e Benfica, algumas pequenas sugestões, quase todas elas simples de implementar, que considero relevantes para que se possa ultrapassar muitos dos factores que têm contribuído para o nosso persistente fracasso.

  1. Exclua do seu círculo próximo aqueles que não mereçam a sua absoluta confiança. A constante fuga de informação, quase em tempo real, de tudo o que se passa nos corredores do Benfica é surreal. Se todos os que estão à sua volta merecem a sua absoluta confiança então está na hora de, mais uma vez, verificar que tem queda para se encontrar em más companhias. Neste ponto, a sua experiência passada deve ser bastante útil considerando que já foi (imagino que já não seja) unha com carne, apenas a título de exemplo, com personagens como o Pinto da Costa, o Salvador do Braga, o Joaquim Oliveira ou o José Veiga.
  2. Defina antes do início da época uma estratégia de comunicação que seja assimilada por todos aqueles que têm uma voz activa no clube (Presidente, Director Desportivo, Treinador, Jogadores e Director de Comunicação). É incompreensível ouvir de manhã o Presidente dizer uma coisa e, à tarde, ouvir, por exemplo, o treinador dizer exactamente o oposto.
  3. Mantenha-se sempre visivelmente ao lado da equipa. Nos bons momentos, mas particularmente nos momentos mais difíceis. Evite situações que, ainda que não intencionalmente, podem contribuir para a desestabilização da equipa do Benfica. Compreenda, por exemplo, que passar férias com um treinador, qualquer que ele seja, quando o treinador do Benfica está a ser pressionado não é um factor de estabilização.
  4. Mesmo contra indicação médica, esteja presente em todos os jogos, em casa e fora, da equipa de futebol.
  5. Prepare um vídeo, bem estruturado, de apresentação do Benfica aos jogadores já contratados esta época ou que venham ainda a ser contratados. O vídeo deve conseguir transmitir claramente o historial do Benfica e os seus objectivos, deve mostrar de forma inequívoca que os últimos anos não são exemplo e que a liderança indiscutível no futebol nacional deve ser o único objectivo presente na mente de todos, ser campeão é o objectivo mínimo. No vídeo, devem ainda ser apresentadas as atitudes que são inadmissíveis num jogador do Benfica (aqui podem utilizar-se exemplos de atitudes de jogadores ao longo da época anterior, como o riso despreocupado do Yebda após a derrota na Trofa, os insultos do Jorge Ribeiro aos sócios do Benfica, ou as comemorações a destempo do sucesso eventual protagonizadas pelo Reyes ou o Suazo no Natal de 2009). O vídeo deve ainda transmitir as particularidades do futebol português como factor mobilizador e criador de espírito de grupo.
  6. Promova ou reafirme publicamente, desde a primeira hora, medidas de credibilização da arbitragem, nomeadamente, a título de exemplo:
    · A divulgação pública e célere dos relatórios dos árbitros;
    · A divulgação pública e célere dos relatórios dos observadores dos jogos;
    · A divulgação pública e célere das classificações dos árbitros;
    · A divulgação pública dos critérios de nomeação dos árbitros em cada jornada;
    · A definição de critérios objectivos de suspensão de árbitros em casos de verificação de erros graves.
    · A definição de penas suspensivas objectivas dos árbitros em casos de verificação de erros graves, prevendo a eventual suspensão definitiva em caso de verificação de erros sistemáticos.
    Dê grande destaque mediático às medidas apresentadas e promova o acompanhamento da evolução da sua adopção/ apoio por demais clubes.
  7. Se a sua estratégia for a de continuar a culpabilizar a arbitragem por eventuais desaires, arranje forma de, desde o início da época, após cada vitória dar grande destaque a todos os erros de arbitragem que nos prejudicaram nesse jogo. Assim evitará ser acusado de se referir às arbitragens apenas em caso de derrota.
  8. Se o Benfica for eventualmente beneficiado em algum jogo, assuma naturalmente o erro do árbitro e o benefício e reforce a necessidade de se adoptarem as já propostas medidas de credibilização da arbitragem. Nunca por nunca caia no erro de, em caso de benefício, promover, como foi o caso na época passada, a qualidade da arbitragem nacional. Se o clube eventualmente prejudicado fizer acompanhar as suas reclamações de propostas de credibilização da arbitragem, coloque-se ao lado dele (particularmente se essas medidas passarem, como propôs o presidente do Braga o ano passado, pela contratação de árbitros estrangeiros).
  9. Abandone imediatamente a Taça da Liga se o Benfica voltar a ser novamente beneficiado de forma clara em algum jogo. Está mais que visto que esta é uma competição utilizada para "limpar" erros verificados em desfavor do Benfica naquelas competições nacionais verdadeiramente relevantes.
  10. Promova ou reafirme publicamente medidas de credibilização das competições nacionais, nomeadamente, a título de exemplo:
    · Definição de limitação total ao empréstimo de jogadores a equipas do mesmo escalão competitivo (já proposto, e bem, embora limitando o máximo a 3);
    · Definição de limitações à detenção parcial/ total do passe dos jogadores por entidades outras que não os clubes / SAD em competição;
    · Definição de critérios objectivos de instauração de processos sumaríssimos;
    · Revisão das regulamento de disciplina da Liga de Clubes, nomeadamente no que se relaciona com corrupção, corrupção tentada e tráfico de influências.
    Dê grande destaque mediático às medidas apresentadas e promova o acompanhamento da evolução da sua adopção/ apoio por demais clubes.
  11. Continue a forçar a adopção de medidas já anteriormente sugeridas pelo Benfica como a redução do número de clubes em competição (através da adopção de modelos competitivos que não originem a redução do número de jogos por época) e a revisão dos horários de realização dos jogos (com preferência dos períodos diurnos).
    Dê grande destaque mediático às medidas apresentadas e promova o acompanhamento da evolução da sua adopção/ apoio por demais clubes.
  12. A ser utilizado, o discurso do "sistema" deve ser utilizado como factor mobilizador e de união e nunca, mas nunca, como factor de desresponsabilização (não só da equipa, mas também e de forma particular da Direcção).
  13. Se, não obstante a influência do "sistema" na performance do Benfica, o seu impulso o leva a despedir o treinador todos os anos, não volte a fazer contratos de dois anos com os novos treinadores contratados. Qualquer treinador português aceita, sem pestanejar, contratos de um ano com mais um ou dois de opção.
  14. Seja humilde, tenha a capacidade para compreender que o que corre bem no Benfica não é mérito exclusivo do Presidente e que, ao contrário, o que corre mal deve ser assumido inequivocamente pelo Presidente.
  15. Não hostilize Sócios e adeptos do Benfica. Não procure condicionar a livre expressão de opinião por parte dos sócios. Os sócios não existem apenas para pagar quotas e incensarem o Presidente. É normal que existam opiniões divergentes, é normal haver oposição e visões divergentes quando as coisas não correm bem (ou mesmo quando as coisas correm bem). O Benfica é um clube que sempre foi marcado pela diversidade e pela livre afirmação das opiniões pessoais, esta diversidade é uma das razões porque o Benfica é indiscutivelmente o maior clube nacional e um dos maiores do mundo. O unanimismo não nos engrandece, o unanimismo enfraquece-nos. O lema do Benfica é ET PLURIBUS UNUM, de muitos um!
  16. Se vierem a sair do clube aqueles que têm vindo a ser os capitães ao longo dos últimos anos, tenha a coragem de promover o Miguel Victor a capitão. Era uma excelente forma de afirmar que o Benfica valoriza e protege os seus.
  17. Promova com todas as suas forças o renascimento do Inferno da Luz. A lotação esgotada em todos os jogos deve ser a meta, ainda que tal possa implicar preços de bilhetes mais baratos. A criação de um ambiente infernal pode ser reforçada com algumas pequenas iniciativas complementares, nomeadamente, a título de exemplo:
    · Mesmo que contra o protocolo, nos jogos com os adversários directos, os jogadores do Benfica devem entrar em campo isolados dos árbitros e da equipa adversária.
    · O hino do Benfica apenas deve ser colocado a tocar com os jogadores já em campo. A Águia deve estar em voo quando os jogadores entram e deve aterrar com os jogadores do Benfica perfilados no centro do terreno e junto a estes. De igual modo, qualquer outra coreografia que esteja programada apenas deverá ser efectuada com os jogadores já em campo.
    · Os apanha bolas devem ser utilizados para colocar pressão permanente sobre os adversários, se necessário entrando em campo para acelerar (e eventualmente atrasar) o reatamento do jogo (este papel, por mais insignificante que possa parecer, não pode ser desempenhado por miúdos de 7 ou 8 anos se estes não tiverem capacidade de perceber a relevância da sua função).
    · Neste ponto, refira-se por fim que a criação do Red Pass foi sem dúvida uma boa iniciativa (finalmente compreendeu-se que um lugar de época ocupado por outra pessoa que não o seu titular é melhor que um lugar de época vazio).
  18. Promova antecipadamente junto dos demais clubes da Liga a compra antecipada (preferencialmente antes da realização do sorteio) de grande parte da lotação dos seus estádios para os jogos com o Benfica. Pode parecer uma jogada financeiramente arriscada mas não o é tanto. O Benfica tem capacidade para encher qualquer estádio se os preços dos bilhetes forem razoáveis. Ao propor-se comprar antecipadamente grande parte dos bilhetes, o Benfica pode passar a controlar o preço de venda dos mesmos e evitar a verdadeira roubalheira dos adeptos do Benfica que se assiste em grande parte dos estádios nacionais. Na posse antecipada dos bilhetes, as Casas do Benfica em cada região podem promover facilmente a venda dos bilhetes em tempo útil, a preços muito razoáveis e ainda com ganhos.
  19. Acabe com as suas tiradas demagógicas. Não sei se já reparou, mas sempre que lança uma das suas atoardas o Benfica perde, é cada cavadela cada minhoca, cada tiro cada melro. Na mesma linha, aconselhe ainda o Dr. Sílvio Servan a manter-se calado e a deixar a escrita.
  20. Depois da rábula em que se transformaram as eleições, se em Março de 2010 estiver à vista um desaire com a dimensão dos das duas últimas épocas, tenha a coragem de anunciar atempadamente a convocação de Assembleia Geral para marcação de novas eleições. Não caia da tentação de despedir desde logo o treinador e tenha finalmente a lucidez de considerar que talvez tenha algumas responsabilidade no insucesso persistente do Benfica.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Da importância do discurso da vitória para a estabilidade do Sport Lisboa e Benfica

Luís Filipe Vieira, com maior ou menor percentagem dos votos expressos, irá vencer as eleições (depois se verá se válidas ou inválidas).

No discurso da vitória Luís Filipe Vieira terá duas opções. Ou continua a promover o clima de "guerra civil" em que se tem vivido e de que, queira-se ou não, é o principal responsável, ou inverte a agulha e apela de forma desassombrada e humilde à união de todos os benfiquistas.

Infelizmente, não tenho grandes esperanças que siga o caminho correcto, porque o caminho da confrontação é o único que, independentemente dos resultados obtidos, lhe permite continuar à tona, e, como já se viu por diversas vezes, continuar à tona é o grande objectivo de Luís Filipe Vieira.

terça-feira, 30 de junho de 2009

A Importância do Voto em Branco

Consequência directa da despropositada, ainda que estatutariamente aceitável, demissão em bloco dos órgãos sociais do Sport Lisboa e Benfica, a antecipação das eleições impediu a materialização de várias alternativas e uma adequada e tão necessária discussão dos problemas internos do Clube.

Não obstante ser bastante discutível a razoabilidade da data estatutariamente definida para a realização das eleições, a sua antecipação não visou outra coisa que não a defesa de interesses pessoais e não a defesa dos interesses do Sport Lisboa e Benfica.

Esta sobreposição de interesses pessoais a interesses colectivos, grave em si, é mais grave ainda no caso particular por:
· Representar, por parte dos mais altos dirigentes do clube, uma traição aos valores fundamentais e distintivos do Sport Lisboa e Benfica;
· Não garantir a Luís Filipe Vieira, por maior que possa vir ser a sua vitória nas eleições, um capital de legitimidade que lhe permita enfrentar com a necessárias tranquilidade eventuais dificuldades que se lhe deparem;
· Desacreditar a luta pela transparência do futebol português na qual Luís Filipe Vieira se empenhou;
· Promover activamente o divisionismo entre benfiquistas.

Nas actuais circunstâncias, é fundamental que todos aqueles que não se revêem nem nas jogadas de Luís Filipe Vieira nem na candidatura de Bruno Carvalho (a quem gostava de demonstrar aqui o meu apreço por, num ambiente muito adverso, ter tido a coragem e a capacidade de ir à luta) percebam que têm ainda um papel muito relevante a desempenhar nestas eleições. Para todos estes, o voto em branco é a única alternativa válida.

Nas eleições do Sport Lisboa e Benfica os votos em branco são apurados. Recorde-se, por exemplo, que, em 2006, Luís Filipe Vieira, tendo concorrido sozinho ao cargo de Presidente da Direcção obteve 95,6% dos votos expressos pelos 7.846 sócios que exerceram o seu direito (dos, à data, cerca de 97 mil aptos a votar).

Ao contrário da abstenção, o voto em branco tem expressão eleitoral.

Ao contrário da abstenção o voto em branco permite marcar uma posição. Ao contrário da abstenção o voto em branco tem que ser lido por Luís Filipe Vieira como uma mensagem, uma mensagem de que há sócios do Sport Lisboa e Benfica que não pactuam com jogadas rasteiras, uma mensagem de que há sócios do Sport Lisboa e Benfica que exigem mais do que aquilo que lhes tem sido entregue, uma mensagem de que há sócios do Sport Lisboa e Benfica que acreditam que as razões para o sucesso ou insucesso do nosso clube são principalmente internas e não externas, uma mensagem de que há sócios do Sport Lisboa e Benfica que exigem ao Presidente da Direcção respeito pelos princípios que tornaram o Sport Lisboa e Benfica o maior clube nacional e uma indiscutível referência a nível internacional.

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Ainda sobre o tema:

http://tertuliabenfiquista.blogs.sapo.pt/942851.html
http://ndrangheta.blogspot.com/2009/06/o-porque-de-votar-em-branco.html
http://veultras.blogspot.com/2009/06/as-eleicoes-as-eleicoes.html
http://geracaobenfica.blogspot.com/2009/06/eleicoes-antecipadas-pressa.html

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Da seriedade ou da falta dela



Ainda há menos de uma semana nos apresentaram Luís Filipe Vieira como o novo D. João IV que teria promovido a antecipação das eleições apenas para impedir a iminente tomada do Benfica pelos espanhóis.


Hoje assistimos à assinatura de um contrato que vincula o Sport Lisboa e Benfica por 12 anos, doze anos, com uma cervejeira inglesa. Convém salientar que doze anos equivalem a quatro mandatos presidenciais.


Por muito interessantes que os números envolvidos possam parecer, qual é a legitimidade da actual direcção do SLB para, a uma semana da eleição dos órgãos sociais do SLB, assinar um contrato a 12 anos com a esta relevância?


Não são estes os mesmo senhores que se andam sempre a queixar, e bem, de contratos que vinculam o SLB a longo prazo?


Por uma questão de decoro mínimo, convinha que a Direcção prestasse alguns esclarecimentos sobre este contrato, nomeadamente:


  • No que ao equipamento da equipa de futebol diz respeito, a Sagres é o patrocinador secundário, substituindo apenas o BES, ou irá futuramente ocupar igualmente o espaço actualmente preenchido pelas empresas do Grupo PT?

  • O contrato atribui ao SLB alguns direitos de renegociação das condições contratuais caso as condições de mercado assim o devam ditar (nomeadamente se alguns outro clube português assinar um contrato similar com condições mais favoráveis)?

  • Qual o montante efectivamente envolvido (inicialmente falou-se em quatro milhões por ano durante 10 anos, para na apresentação se falar num montante superior a 2 milhões durante 12 anos)?

  • Como será pago o montante acordado? De forma faseada ou à cabeça?

Por muito que nos queiram fazer crer que a situação financeira do SLB respira saúde, a assinatura de contratos com estas características apenas se pode justificar com uma necessidade absoluta de antecipação de receitas.

domingo, 21 de junho de 2009

Angústia

Podemos gostar muito ou pouco de Luís Filipe Vieira. Podemos achar que ele é, ou não, a melhor alternativa para a Presidência do Sport Lisboa e Benfica. Eu pessoalmente, como é fácil de verificar, gosto pouco e considero que o seu desempenho seria superável com relativa facilidade.

Não me custa compreender que, ao contrário de mim, haja quem ache precisamente o contrário. Mas confesso que me custa muito o regozijo que verifico em muitos sempre que uma ou outra alternativa reconhece que, em função da jogada de Vieira, não ter condições de disputar as eleições.

Ao contrário do que muitos pensam, a ausência de escolha não nos engrandece!

terça-feira, 9 de junho de 2009

A entrega









Entregaram-nos isto

A promessa


Prometeram-nos isto